domingo, 4 de outubro de 2015

Por que é tão difícil a prática do desapego?

por Tania Paupitz - tania.paupitz@gmail.com

Podemos algumas vezes deixar de fazer planos, traçar metas pessoais e individuais em detrimento do outro, porém, com o tempo e o amadurecimento peculiar de cada fase da vida, vamos percebendo que cada “escolha” que fazemos, vai de alguma maneira, delineando a história que iremos escrever para o nosso futuro.

São as escolhas que fazemos no decorrer de nossas vidas que irão determinar nossas posturas perante os relacionamentos, sejam eles, afetivos ou profissionais. Podemos ocasionalmente, fazer uma escolha errada, especialmente, quando desejamos de alguma forma, manipular o sentimento do outro, controlando-o, impedindo-o de ser tão livre quanto deveríamos ser.

Passamos a vida montando expectativas, esperando que o outro nos acolha, nos ame, nos elogie, nos dê carinho ou atenção. Esperamos demasiadamente o amor do outro, até compreender que, na verdade, o amor sempre esteve ali, muito mais perto do que podíamos supor e, sendo assim, podemos de posse deste conhecimento efetuar mudanças significativas em nossas vidas.

Paulo Coelho, famoso Escritor Brasileiro, comenta em um de seus livros: “Quando se ama, não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós”. Acredito que o processo seja o mesmo com relação ao desapego.

Mais amadurecidos, vamos percebendo que “o outro” nunca irá mudar sua maneira de ser em razão de uma ilusão criada por nós próprios.
Percebemos que a tão famosa “felicidade” não está no outro, não está no amor que muitas vezes, acabamos mendigando de forma deliberada, mas sim, no processo do “autoamor” – aquele que vamos construindo dentro de nós, passo a passo, tijolo a tijolo, através da prática do desapego, substituindo velhas crenças por novas maneiras de ver e sentir, vivenciando o processo de autoconhecimento e, automaticamente, restabelecendo uma autoestima elevada.

O poder de assumir sua própria vida, eximindo da responsabilidade aquele que supúnhamos ser o responsável pelo nosso sucesso ou insucesso não é tarefa das mais fáceis, porém, sempre recompensado pelo retorno gratificante da nossa libertação interior, do nosso desejo intrínseco de nos tornarmos novamente inteiros e únicos, sem corrermos o risco de novamente nos misturarmos à essência daquele que acreditávamos de forma errônea, ser nossa extensão.

De alguma forma, todo este processo de desapego nos propicia uma volta ao aconchego do lar, àquele que jamais deveríamos ter abandonado em detrimento do outro, pois quem somos nós se não cultivarmos nossa própria essência? Estaremos fadados a viver num deserto árido, onde a chuva o vento não fazendo parte do cenário, nos colocariam apenas como meros sobreviventes e, não autores da própria historia.

Mudanças que fazem bem para a Alma  

Acredito que uma das melhores sensações que podemos ter em relação a nossa Evolução como seres humanos, sejam as pequenas conquistas oriundas de nosso esforço diário em nos melhorarmos.

Compreender que ninguém, absolutamente ninguém tem o poder sobre nós, deixa-nos impregnados da certeza interior de que somente nós somos os responsáveis pelas pequenas mazelas que atraímos, através das emoções que, muitas vezes, teimam em nos desequilibrar: a raiva, a irritabilidade, a mágoa, a tristeza, e tantas outras que vivenciamos no nosso dia a dia.

Perceber-se no comando do próprio Universo, requer esforço, coragem e determinação no caminho da autotransformação.
O autoconhecimento, ferramenta básica para este fim, nos propicia este encontro mágico com nosso EU INTERIOR, levando-nos a sermos os gestores de nossas próprias emoções, pensamentos e sentimentos.

Somos seres caminhantes rumo ao aperfeiçoamento e, para este fim precisamos aprender a soltar as amarras da “mesmice”, saindo da zona de conforto que ainda nos deixa acomodados e distantes da mudança. É preciso soltar a criatividade, rever projetos, ideias, eliminando velhas crenças, inovando, libertando-nos daquilo que já não tem mais serventia.

Li e repasso o que me veio através do pensamento acima. Desconheço o Autor, mas acredito que este texto me escolheu – ele veio ao encontro de tudo o que verdadeiramente busco.

“O processo de mudança interior que nos leva a evolução – é longo, seguro porem, doloroso”. Cada parte de nós que deixa de reagir, cada pensamento destrutivo e egoístico, que perde a força diante de uma atitude e da opinião do outro, é um passo importante na direção da Luz.
Os pensamentos, sentimentos, atitudes e palavras dos outros, que não produzem reações em nós, é um bom sinal. Não é resiliência, é MUDANÇA, EVOLUÇÃO.

Enquanto houver reação de nossa parte por qualquer atitude, acontecimentos ou fatos de outros ou da vida, seja reação negativa, destrutiva, é sinal de que algo ainda esta ruim e um desequilíbrio habita dentro de nós.
Entretanto, no momento que o mundo externo (pessoas e situações) não mais abalar nosso mundo interno, é sinal de que há EVOLUÇÃO chegando”.

Não é aceitação, é integração, participação, é viver no ambiente sem se incomodar com absolutamente nada e sem ficar agitado, revoltado, aborrecido por dentro. A verdadeira evolução não é fácil, é árdua, porem um caminho glorioso, de aprendizados e crescimento.
É o esvaziamento dos ruídos internos, pois enquanto houver segredos guardados, sentimentos retidos ou reprimidos, pensamentos com diálogos estéreis, imagens velhas e discursos repetitivos, o barulho será constante e encontrara a sintonia disso tudo no outro e no mundo.

O caminho é longo, penoso, solitário, mas seguro e a recompensa é certa!