quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A ERA DO OLHO POR OLHO E DENTE POR DENTE


por Tania Paupitz - tania.paupitz@gmail.com

Falar que alguém é agressivo é fácil, difícil mesmo é reconhecer em nós próprios este tipo de deficiência. A pessoa agressiva é alguém que reage a tudo como se fosse uma disputa, está sempre na defensiva, procurando colocar em prova suas capacidades mentais.

A competição passa a fazer parte da sua vida e, desde cedo, se esforça para nunca falhar, nunca ser excluído, procurando sempre se destacar, sendo o melhor.

O que temos presenciado, em termos de violência, faz lembrar a antiga "Lei de Talião", onde o agressor era punido de maneira igual ao dano causado a outrem. Se, por exemplo, uma pessoa arrancasse o dente de alguém, a pena seria a mesma. A punição era dada de acordo com a categoria social do criminoso e da vítima. Se um nobre homem batesse num escravo, o escravo não poderia bater no nobre homem.

O que nos diferencia hoje, em pleno século XXI desta antiga Lei?

Acusamos, criticamos, agredimos, maltratamos e ferimos nosso próximo com atos e palavras, não medindo esforços para sermos sempre o grande vencedor de qualquer discussão, briga ou agressão. Na verdade, nosso orgulho é o maior empecilho para enxergarmos que a realidade é outra; que é também na derrota que temos a possibilidade de extrairmos valiosas lições/aprendizados, observando que vencer nem sempre deveria estar em primeiro lugar.

No caso da violência, é agressividade que emerge como um vulcão de uma só vez, atingindo tudo o que encontra pela frente. Aquilo que está contido, reprimido dentro de uma pessoa, sob a forma de estresse, acaba explodindo, gerando toda forma de agressão seja ela física ou verbal.

Os exemplos estão aí diariamente, no trânsito: é o motorista que xinga outro arriscando-se a levar um tiro, é a fechada noutro carro que acaba gerando brigas e discussões; e é neste tipo de situação que acabamos nos deparando com pessoas completamente transtornadas pela ira, ódio que vêm acumulando dentro de si mesmas, ficando tal qual uma bomba atômica, pronta para descarregar seus efeitos no primeiro que aparece pela frente.

Segundo pesquisa, a violência está nas escolas, nas favelas, nos condomínios fechados de luxo, dentro da própria casa e, principalmente, no trânsito.
Hoje podemos ter a sensação de estar convivendo com um inimigo sem saber pois, de fato, nunca conheceremos a pessoa com a qual convivemos, inclusive, a nós próprios.

Alguns médicos defendem a idéia de que a violência, em sua grande maioria, é causada por todo tipo de estresse desde o cansaço físico (sono), o psicológico que deixa as pessoas tensas e preocupadas (assaltos e seqüestros relâmpagos), até o estresse social, que é a ansiedade pelo tempo de espera (trânsito), a falta de dinheiro, a luta diária pela sobrevivência.

Uma face bastante cruel da violência é aquela que entra todos os dias dentro da nossa casa, praticamente, sem a nossa permissão. É a Mídia fazendo a sua parte, através da TV, Rádio, Jornal, divulgando, diariamente, notícias deprimentes, recheadas de dor e sofrimento.
Por que será tão dificil falar de coisas boas e positivas? Será que é porque não gera IBOPE?

Um fato curioso é observarmos nossa reação, frente a uma notícia deprimente, como o caso de pedofilia, crianças abandonadas e assassinadas pelos próprios pais, a crueldade com os animais e assim por diante.
Sabemos que algumas pessoas que assistem televisão, frente a cenas de violência, podem ter os mais diversos tipos de reação:

- Há aqueles que assistem à televisão, vendo-a apenas como uma "máquina de mentirinha", dizendo para si mesmo: isto não faz parte do meu mundo, não me atinge diretamente pois, acontece com alguem que desconheço.

- Há também aquelas pessoas mais sensíveis, que se enternecem com o sofrimento alheio, deixando lágrimas escorrerem pela face, dando vazão aos seus sentimentos e emoções; pois na verdade, o que gostariam mesmo era poder estar compartilhando com a dor daquelas pessoas mesmo desconhecidas, levando um conforto, uma ajuda , seja ela qual fosse.

No momento em que começamos a ter "compaixão" pelo sofrimento dos outros, passamos a descobrir o verdadeiro sentido da palavra “amor”.
Sem compaixão pelas adversidades e sofrimentos alheios, o homem continuará alimentando o egoísmo e a maldade em seu coração.

Que possamos refletir na sabedoria da frase abaixo de Martins Luther King:

“A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momento de conforto e conveniência, mas como ele se mantém em temos de controvérsia e desafio”.