quarta-feira, 17 de agosto de 2011

TRIBUTO A BELINHA


por Tania Paupitz




Este era o nome da minha York Shire, que desencarnou repentinamente...
Presumo que não tenha sentido dor, pois tudo aconteceu muito rapidamente.

Talvez, um ataque cardíaco; dizem que esta raça é bastante vulnerável, apesar de, recentemente, o Veterinário ter afirmado que sua saúde era perfeita. Assim como ela era , partiu, linda, perfeita, cheirosa, e com muitos laços de fitas no cabelo, pois havia acabado de sair do pet shop.

Um final de semana para curtir a Serra Gaucha, uma despedida carinhosa, quando percebo seus olhinhos aflitos, já antevendo a minha saída. Um breve retorno emocionado ante aquele olhar meigo , fez com que a pegasse no colo delicadamente, dando-lhe um beijo de despedida em seu focinho, dizendo: a mãe não demora minha princesa, é só um final de semana.

Para quem presencia esta cena tão incomum, ou ainda, para pessoas que vêem um cachorro apenas como um animal doméstico, deve ser uma cena, no mínimo inusitada, algumas vezes, recheada de comentários maldosos e julgamentos sem razão de ser. Mas, quem sou eu para julgar as pessoas, a não ser perceber, claramente através deles mesmos, quem gosta ou não gosta dos animais?

No final, por não sentirem-se amados, são os primeiros a se afastar, nem chegando perto das pessoas que percebem , não gostar deles. Até neste momento, o respeito pelo outro ser humano é ponto de referência entre os animais , que aceitam amorosamente , mesmo aquelas pessoas que os rejeitam.

Só quem realmente sente o verdadeiro amor incondicional, que os animais nos transferem , sabem do que estou falando. Acreditam e sentem que, acima de tudo, este é um amor que ainda não existe entre nós humanos, razão pela qual, quem tem a oportunidade de experimentar este sentimento, através de seu cãozinho, sabe descrever o buraco emocional e a dor experimentada , após sua perda.

Não poderia descrever esta dor, pois não existem palavras apropriadas no nosso vocabulário, especialmente, porque foi ela quem possibiltou-me varias descobertas, através do meu processo de autoconhecimento, transformando-me numa pessoa mais alegre, mais afetuosa, amorosa e principalmente, mais humana.

Ela não somente preencheu minhas carências afetivas, mas ajudou-me, sobretudo, na cura de feridas ainda não cicatrizadas pelo tempo, como a perda de minha querida filha Carolina , há muitos anos atrás. No final, percebo que estou vivenciando um luto dobrado, pois misturei todos os sentimentos que acabaram fundindo-se num só. A Carol estava dentro da Belinha e a Belinha dentro da Carol.

O retorno da viagem para casa tornou-se um verdadeiro martírio, que não desejo para ninguém, pois a cada quilometro percorrido, a angustia crescia, ante a possibilidade do regresso. Como seria a chegada em casa, já que ela não viria mais correndo para o carro, pulando no meu colo? Como conviver com a dor da saudade, se em todos os momentos dentro de casa, ela era presença constante: no quarto, na cama, no banheiro, na sala, no escritório, na cozinha, no quintal, nos passeios, até mesmo nas viagens curtas.

Tomara que quem esteja lendo este depoimento, goste ou ame os animais tanto quanto amei pois, desta forma, terá compreensão suficiente para entender tudo o que estou querendo passar em forma de desabafo, procurando amenizar um pouco esta dor que parece não ter fim.

Mas no final, somente uma coisa importa: a oportunidade de ter vivido um amor tão intenso e verdadeiro, como o amor incondicional. Previlegiado é aquele que pode dizer - eu experimentei isso.

Tudo ainda é muito recente; sei que a minha dor dará lugar a uma imensa saudade e a certeza de que fui alguém especial, principalmente, por ter tido o previlégio de ter tido um ser tão especial do meu lado, afinal, os iguais tambem se atraem.

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