domingo, 14 de agosto de 2011

MINHA ALMA ME CHAMA

Por Tania Paupitz

Fazer o que se gosta, ser sincero consigo mesmo, ter prazer em estar no lugar e na hora certa, sentir uma alegria interior, porque a nossa alma é como uma criança que canta, ri, chora até ficar esgotada, vibra de alegria, sofre pelo que parece um martírio, observa e tudo vê.

Quantas vezes você não se questionou: o que estou fazendo aqui nesse lugar que não me diz absolutamente nada, com pessoas que não têm nada a ver comigo? Muitas vezes, podemos ficar irritados, indispostos e até mal humorados, sem estarmos conscientes desse mal estar. Ir contra si mesmo é como estar mentindo, enganando a única pessoa que deveríamos acima de tudo confiar e amar: nós mesmos.

Algumas vezes, posso me violentar e fazer algo do qual não gosto, mas em função do outro acabo abrindo mão, cedendo e indo contra minha alma, que naquele momento, talvez, quisesse estar fazendo algo completamente diferente...
E daí vem o questionamento: Será correto ir contra mim mesmo, contra os meus sentimentos, pensamentos, para agradar ao outro?

Esta é uma resposta muito pessoal e questionável, porém, também temos que aprender a respeitar e valorizar os desejos do outro, principalmente quando vivemos juntos com outra pessoa. Aprender a dividir, compartilhar mesmo aquilo que não gostamos, ou não nos traz muita satisfação, também deve fazer parte desse contexto, quando se refere ao relacionamento a dois.

Quem assistiu ao filme "Conversando com DEUS", baseado no livro de Neale Donald Walsch, pode observar que tem um diálogo onde “Deus” conversando com o ator diz: “Como pode pensar em ganhar a vida com algo que não gosta de fazer? Isso não é viver, isto é morrer”.
Muitas vezes, estamos sendo levados pela correnteza da vida, sem saber se estamos mortos ou vivos, pois acabamos morrendo a cada dia, fazendo coisas e estando com pessoas que não queremos estar.

Viver uma inverdade, estar dentro de um relacionamento insatisfatório, estar infeliz no seu emprego, todas estas situações maltratam e desvalorizam a nossa alma.
Então nada mais justo do que sermos, vez por outra, honestos conosco e nos questionarmos, sobre o que gostamos, precisamos e, o que realmente nos deixa felizes?

A oportunidade para a mudança ocorre através das pequenas diferenças que vão surgindo dentro de nossa percepção, ampliando-se à medida que percebemos o bom para nós, ou aquilo que nos deixa feliz.
Esse estado de espírito pode ser simplesmente observar uma flor, um lindo pôr do sol, escutar aquela música que nos enleva ou até mesmo tomar um sorvete acompanhado de nosso cachorro na sorveteria da esquina. As pequenas coisas, na maioria das vezes, são aquelas que nos trazem mais felicidade.

Mas, como capturar e segurar para sempre esse momento, que somente a nossa alma é capaz de fornecer? Que tal a gente dar uma parada e começar a se perguntar onde ou em que momento abandonamos a nossa alegria de viver? Será que ficamos parados no tempo, em algum lugar do passado ou será que simplesmente a ignoramos e passamos a viver através do nosso EGO? A nossa mente é fantasiosa e ilusória e se nos deixarmos levar por ela, com certeza, acabamos por deixar nossa alma para trás.

Precisamos descobrir dentro de nós mesmos, que para estarmos bem e felizes com o outro, precisamos estar em primeiro lugar bem com a nossa alma. Como poderemos ajudar alguém, se não sabemos como ajudar a nós mesmos?
Partindo dessa premissa, percebemos que estamos sempre fazendo o caminho inverso.
Investimos no outro e esquecemos de nós...

Ajudamos, educamos, amamos, entregamos nossa alma por alguém ou até mesmo por uma causa, porém o preço que se paga em geral torna-se caro demais, advindo então o vazio e a solidão tão comumente discutidos hoje em dia. É onde muitas vezes surge a pergunta: E eu? O que eu fiz da minha vida? Cadê a minha alma, a minha vontade, o meu amor, o meu carinho, respeito e a admiração que deveria ter por mim mesma?

Resgatar a própria alma começa com um processo de auto-educação, que, aliás, deveria ser passado por pais e educadores dentro das próprias escolas, estimulando as crianças desde cedo, para o auto-amor, incentivando dessa forma o respeito, o carinho, a consideração por si mesmos. Somente assim, quem sabe, teríamos hoje pessoas adultas, mais felizes, equilibradas emocionalmente e realizadas dentro de suas próprias vidas.

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