terça-feira, 16 de agosto de 2011

APAIXONE-SE POR VOCÊ

por Tania Paupitz

É interessante como a gente passa pela vida vivendo de forma inconsciente, como se não nos déssemos conta daquilo que somos, fazemos ou pensamos. Vivemos a vida de forma meio robotizada, ligados sempre naquilo que está fora de nós, esquecendo, na maioria das vezes, o quanto é importante esse olhar-se para dentro, nem que seja de vez em quando.

A maioria das pessoas somente se dá conta da própria vida ou daquilo que ela representa no sentido de valorização quando alguma coisa negativa acontece com elas ou com pessoas de seus relacionamentos afetivos. O fato de pararmos e darmos uma olhada à nossa volta para recomeçarmos a enxergar a vida sob novo ângulo, normalmente se dá quando estamos diante de alguma crise existencial ou algum tipo de dor, ou ainda, um grande sofrimento, na sua maioria, oriundo de alguma doença, trauma por perda, coisas que surgem repentinamente e nos forçam a pensar, ou melhor, repensar sobre a vida.

É comum ficarmos chocados com as várias formas de doenças e violências que hoje assolam todos os cantos do mundo. Mas, já parou para pensar que muitas vezes queremos muito resolver os problemas externos, abraçando o mundo, carregando os problemas das pessoas nas nossas costas, quando na verdade não conseguimos cuidar sequer de nós mesmos?

Na infância ou adolescência, quando nossos pais não nos dão o devido valor, perdemos nosso referencial interno e também nossa auto-estima. Encontramos aqueles pais que fazem questão de inferiorizarem o filho ou a filha, colocando-se num pedestal – são os pais arrogantes e orgulhosos, aqueles que se acham os "donos da verdade", olhando o filho como um ser inútil e ignorante, ou ainda, aqueles que menosprezam seus filhos insultando-os até mesmo de forma violenta e cruel.

Este, hoje, é um problema bastante sério que prejudica a maioria das pessoas que têm beixa auto-estima, ou seja, a pessoa está sempre à espera da aprovação do outro, pelo que faz e, acima de tudo, pelo que realiza. E quando esse reconhecimento não vem de maneira espontânea, principalmente das pessoas relacionadas à nossa família, surge a dúvida e a incerteza, pois deixamos de acreditar em nós mesmos. Acabamos por nos sentirmos incapazes de dar um passo sem a aprovação ou o olhar do outro. Esse tipo de poder que damos ao outro acaba fortalecendo nosso lado infantil, fazendo com que, inconscientemente, retornemos à infância, quando anteriormente haviamos sofrido todos os tipos de abusos e reprimendas, deixando nossa auto-estima zerada.

O que normalmente acontece numa situação dessas é que acabamos repetindo a mesma lição, mas numa nova forma de relacionamento afetivo, pois continuamos buscando no outro (pais), aquela aprovação e reconhecimento que não obtivemos anteriormente.
 Famintos de amor partimos em busca do outro que, segundo nossa expectativa, irá com certeza suprir todas as nossas formas de carências afetivas. Quando atribuímos ao outro o poder de nos fazer felizes, é o primeiro sinal indicador da nossa real dificuldade em gostarmos de nós mesmos.

Se você não se nutre, não se ama ou não se respeita, como pode esperar que alguém o faça? Por que a gente despreza tanto a nossa capacidade de se bastar, se amar e acima de tudo se aceitar? Já pensou sobre isso?

Essas são perguntas importantes que devemos fazer constantemente a nós mesmos, pois dessa forma estaremos aprendendo a identificar melhor aquilo que sentimos, e assim ao invés de desprezarmos aquilo que experimentamos vamos aprender mais sobre esses sentimentos, tão desprezados em nossa infância. Essa profunda investigação sobre o que somos e queremos irá, com certeza, determinar uma melhor qualidade de vida e consequentemente iremos atrair relacionamentos mais saudáveis.

Se nossos pais em algum momento de nossa infância deixaram de valorizar nossos sentimentos mais profundos e verdadeiros, está na hora de arregaçarmos as mangas e partirmos para a luta, pois ela é somente nossa. Cabe a você a responsabilidade de se fazer feliz, de desejar e ir em busca do melhor para sua vida, investindo em tudo aquilo que você nunca teve coragem de bancar para si mesma, sem ter que depender da "bengala" ou da aprovação dos outros.

Esse recomeço, com certeza, se inicia dentro de você mesmo, na sua busca profissional, obtendo algum tipo de destaque que lhe traga orgulho e satisfação íntima ou até mesmo no seu jeito pessoal, quando decide emagrecer, cuidando mais de sua aparência física, quem sabe, freqüentando uma academia, dando-se o direito de comprar um vestido que tenha lhe agradado e usa-lo quando quiser. Ou ainda, fazendo algum curso de artesanato, produzindo coisas bonitas, feitas por você mesma. As formas e maneiras que temos à nossa disposição são inúmeras, dependendo única e exclusivamente de nossa boa vontade e persistência. Com certeza todas elas irão ajudar no fortalecimento e na busca da melhoria de nossa auto-estima.

Se eu não me valorizo como mulher, como mãe, como companheira, amiga, seja lá o que for, quem irá me valorizar? Será que é o marido, o patrão, ou ainda, o amigo? Não fique esperando que o outro venha sempre “salva-lo”, ou aprova-lo, reconhecendo todos seus méritos e capacidades, elogiando-a e paparicando-a o tempo inteiro. Não que isso não seja bom e saudável, mas dentro da normalidade, é claro. Pare com suas reclamações de querer colocar toda responsabilidade nas mãos do outro, como se ele fosse o “salvador da pátria”. Não esqueça que você é o único responsável por tudo o que representa sua vida hoje.

Tudo está dentro de você e ser feliz é possível, mas para isso é preciso que você ame primeiro o outro, e para amar o outro se torna imprescindível amar primeiro a si mesmo. Toda forma de amor deve ser como uma planta que para crescer e florescer precisa de adubo (respeito), água (carinho) e acima de tudo aceitação (afeto). Somente dessa maneira poderemos nos aceitar e assim nos conhecer um pouco mais profundamente, para vivermos uma vida mais equilibrada e feliz.

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