terça-feira, 16 de agosto de 2011

ANSIEDADE NOSSA DE CADA DIA.

por Tania Paupitz

Ela chega devagarzinho e quando menos você espera. A poucos minutos de uma entrevista de emprego, por exemplo. O suor frio molha as mãos, o coração dispara, a respiração torna-se ofegante e sentimos todo nosso corpo passando por um turbilhão de sensações e emoções decorrentes da ansiedade que, no fundo, nada mais é do que um produto que o cérebro humano encontrou para se defender. Quando o cérebro capta um sinal de perigo, ficamos em alerta e é quando se deflagra todo um processo colocando nosso corpo num estado emocional que mantém o nosso organismo pronto para a luta ou a fuga.

A ansiedade está diretamente ligada às coisas que irão acontecer lá no nosso futuro, sendo uma das emoções mais difíceis de lidar, pois não nos encontramos centrados no nosso aqui e agora. A necessidade de entender esse terremoto emocional levou muitos cientistas a empreender estudos pelo interior do nosso cérebro, buscando explicações porque algumas pessoas são presas mais fáceis desse problema. Sabemos que hoje a ansiedade faz parte da rotina da vida das pessoas e, segundo algumas pesquisas, constata-se que na maioria dos casos, os mais graves problemas de ansiedade, não se resolvem sozinhos, necessitam de tratamento, seja através de ajuda profissional (terapia) ou até mesmo, medicamentos.

Os distúrbios da ansiedade são os problemas psiquiátricos mais comuns na atualidade e podem se manifestar através de fobias, medos irracionais (objetos, animais, ou de qualquer coisa), síndrome do pânico, ataque de ansiedade aguda com suor frio, falta de ar, boca seca e até mesmo medo da morte. A versão mais popular desse transtorno é a ansiedade generalizada que se caracteriza por um permanente estado de preocupação, muitas vezes, excessiva.

Um exemplo bastante corriqueiro que traduz bem a ansiedade vivenciada no nosso dia-a-dia poderia estar relacionado a um engarrafamento de trânsito, quando estamos eventualmente apressados e ficarmos preocupados em ter que pegar nossos filhos na escola ou um encontro marcado com o dentista, ou ainda, alguém que ficamos de pegar no aeroporto. É nesse momento, com o trânsito totalmente congestionado, o celular sem sinal, que se dá início ao processo gerado pela ansiedade de chegarmos logo e cumprirmos com nossos compromissos. É como se de dentro de nós disparasse um sensor, sinalizando todos os sintomas desagradáveis de tensão, nervosismo, medo e os mais variados tipos de pensamentos: "E se eu não puder chegar a tempo de pegar meu filho, será que ele vai estar bem?" "Se eu perder o horário do dentista, será que irei conseguir outro horário logo?" "Será que a pessoa do aeroporto está me esperando ou está pensando que me esqueci completamente de ir buscá-la?" E assim nossa mente segue preocupada, girando num interminável círculo de melodrama, num conjunto de preocupações levando ao seguinte e voltando ao começo.

É obvio que não há mal quando a preocupação funciona com o objetivo específico de resolvermos algum problema, ou seja, quando empregamos a reflexão construtiva, geralmente, podemos atrair a solução. No caso da ansiedade, quando o medo dispara o cérebro emocional, parte dele fixa atenção na ameaça direta, forçando a mente a obcecar-se como tratá-la e a ignorar tudo o que vai além daquele momento presente. A preocupação é, num certo momento, uma antecipação da ocorrência de um fato desagradável e de como lidar com isso. O papel da preocupação que vem da palavra “pré-ocupar” a nossa mente é o de projetar soluções positivas para os perigos que nos circundam, prevendo-os antes que surjam.

Com toda a certeza, muitas pessoas já passaram por experiências que a deixaram ansiosas em determinadas situações, pois vivemos um ansiar sem fim. Uma situação da qual me lembro, e que costumava gerar muita ansiedade, era quando eu sabia que teria que viajar para algum lugar desconhecido, principalmente fora do país. Recordo-me que costumava não dormir direito na noite anterior ao dia da viagem, pois a preocupação, o nervosismo e o próprio medo (talvez do avião cair!), acabava tomando conta de minha mente, não permitindo que eu relaxasse um só minuto. Minha cabeça girava tal qual a sensação de estarmos numa roda gigante.
Queria relaxar e dormir, porém, quando mais tentava, em vão se tornava todo esforço, pois não tinha o domínio sobre minha mente. Com os pensamentos totalmente enlouquecidos, sem controle, gerando os mais variados tipos de distorções, medos infundados, pensamentos sem nexo, acabava não dormindo e no outro dia, viajava sempre muito cansada e estressada.

Lendo um trecho do livro “A natureza da Inteligência Emocional”, Borkovec nos diz o seguinte: “O primeiro passo para nos livrarmos da ansiedade é a autoconsciência; é se apoderar dos episódios preocupantes tão logo eles se iniciem.
O ideal sendo assim ou imediatamente após que a instantânea imagem catastrófica dispare o ciclo de preocupação-ansiedade”. Ele costuma treinar pessoas se utilizando do seguinte método: primeiro ensina a pessoa a monitorar os indícios da ansiedade, sobretudo, aprendendo a identificar situações que provocam preocupação ou os pensamentos e imagens que, num relance, dão início à preocupação, assim como as conseqüentes sensações corporais de ansiedade. Com a prática, as pessoas aprendem a identificar as preocupações num ponto cada vez mais perto do início da espiral da ansiedade.

As pessoas também aprendem métodos de relaxamento que podem aplicar nos momentos em que percebem o início da preocupação e praticam-nos diariamente para poderem usá-los na hora em que mais precisem. Ele salienta também que o método de relaxamento por si só não é suficiente; é preciso contestar ativamente os pensamentos preocupantes; sem isso, a espiral de preocupação retornará, gerando ainda mais ansiedade.

Outra das muitas técnicas que temos à nossa disposição para lidar com a ansiedade está relacionada aos exercícios de controle da respiração, pois eles ajudam a pessoa ansiosa a respirar mais calmamente. Na sua grande maioria, as pessoas ansiosas respiram predominantemente pelo tórax. Por isso a respiração é mais rápida e ofegante.

Hoje em dia temos à nossa disposição inúmeros profissionais da área da saúde que nos orientam de forma adequada para aliviar a maioria dos sintomas oriundos da nossa ansiedade que acabam, com certeza, atrapalhando bastante a nossa vida.
QUIETUDE MENTAL
por Tania Paupitz de Souza - tania.paupitz@gmail.com
Nossa mente está em constante tagarelice e se não tomarmos as devidas providências, ela simplesmente toma conta da nossa vida. É através das palavras, acumuladas no decorrer de várias existências, que nossa mente vai se formando.
O silêncio, ao contrário, está constantemente à nossa disposição, sempre que precisamos entrar em contato com nosso Eu Interior. Você já reparou, como necessitamos do silêncio? Ou ainda, como é importante esse contato interno, onde também, temos a oportunidade de aprender, várias coisas, a nosso respeito!

Algumas vezes, nossa mente está tão agitada, com vários pensamentos contraditórios ou distorcida da própria realidade que podemos ter a impressão que nossa cabeça vai explodir a qualquer momento. Hoje em dia, somos constantemente bombardeados por uma série de informações que estão sempre à nossa disposição. Por isso, é de suma importância tirarmos uma folga mental, procurando usufruir do silêncio, como o próprio ar que respiramos. O silêncio interior torna-se imprescindível, principalmente, quando necessitamos recuperar essa paz mental, deixando nossa mente aberta para o fluxo de coisas novas e de tudo aquilo que podemos pensar como sendo uma graça ou uma bênção divina.

Estar em silêncio traduz-se no estado da mente livre de pensamentos e no qual existe uma profunda imobilidade, onde nenhum movimento na superfície pode penetrar ou alterar. Isto se adquire com maior facilidade quando aprendemos a treinar nossa mente, principalmente, através da prática da meditação.

Quando meditamos, observamos o total silêncio que vai se aprofundando, à medida, que vamos nos conhecendo. Se você encontrar dificuldades em entrar em contato com o seu silêncio interior, é mais fácil, em primeiro lugar, concentrar a atenção no movimento da respiração, expirando e inspirando o ar lentamente. Tomar consciência da nossa respiração, bem como do silêncio que emana desse ato, é algo que, aos poucos, vai transformando nossa vida, tornando-nos mais seguros e autoconfiantes.

É importante praticarmos a arte da observação dos nossos processos e diálogos internos. Observar sem se identificar com aquilo que observamos, como se tivéssemos a capacidade de sair de nós mesmos, indo de encontro a um segundo “eu”, como se fôssemos uma testemunha. É dessa forma que a velocidade de processamento vai diminuindo e os pensamentos vão cessando aos poucos. E assim, nossa mente vai aprendendo a ficar em silêncio. Somente conseguiremos alcançar esse objetivo, através, da prática sistemática e persistente da observação consciente de nós mesmos. Buda, com sua sabedoria universal já aconselhava seus seguidores: “quando vocês estiverem reunidos deveriam fazer uma de duas coisas: discutir o Dhamma ou observar o nobre silêncio”.

Se, por exemplo, nos encontramos diante da televisão, tendo muitas vezes, que “engolir” notícias que nos parecem desagradáveis, podemos escolher entre mudar o canal, desligar a TV ou, simplesmente não assisti-la. Em muitas ocasiões, tenho procurado silenciar minha mente, pois penso que esta é uma das muitas formas de estarmos inseridos no mundo, sem sermos dominados por ele. É como se interagíssemos com o “todo universal” , nos presenteando com esse encontro pessoal, junto à nossa mais pura essência.

Os pensamentos podem ir e vir, movendo-se livremente, porém, eu não me apego a eles, simplesmente os solto, observando-os, distanciadamente. Uma mente que tenha alcançado essa calma interna pode começar a atuar de forma poderosa, dando forma mental ao que recebe do Alto sem se prender a nada, sem produzir nada em si mesma, com serenidade e imparcialidade, trazendo para sua vida o poder e a luz de sua força interior que, com certeza, irá repercutir em tudo que a cerca.

“Tem uma parte no livro de “Osho – Silenciando a Mente”, que caracteriza bem esse momento tão importante em nossa vida, que é o silêncio mental: “No presente, apenas a consciência é necessária, mas não a mente. A mente só é necessária em algum lugar do futuro, do passado, mas nunca aqui. Quando você sentir que a mente foi para outro lugar, quando você estiver em uma cidade e sua mente estiver do outro lado do mundo, fique alerta imediatamente. Volte para casa. Volte para o lugar onde você se encontra. Ao comer, coma. Ao andar, ande. Não permita que a mente fique vagando pelo mundo. Novamente, isso não se tornará meditação, mas ajudará em seu caminho”... Rumo ao silêncio e à sua paz interior. 

Um comentário:

  1. Querida,

    Parabéns pelo excelente blog. Com a certeza que teus artigos irão trazer muita alegria e felicidade a todos que participarem deste blog.

    bjs de quem te ama.
    Ilçon

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